quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ensinas-me?



É certo e sabido que as nossas primeiras paixonetas surgem sempre pelos nossos professores. Mais cedo ou mais tarde, se olharem bem para trás, vão perceber que sentiram assim uma coisa meio esquisita por um professor qualquer. Dado que tive duas “fases”, as coisas complicam um bocado.

Ao 7º ano, foi a professora de Geografia. Trintona, super tia e divorciada. Lembro-me da forma como se julgava pentear a meio das aulas: pegava num dos lados do cabelo e atirava-o para cima do outro, ficando completamente despenteada e dando gargalhadas completamente alucinadas quando se apercebia do que fazia. Das botas altas com que se passeava pela sala, do traseiro empinado quando vinha tirar as dúvidas. A mulher fazia-me suspirar apenas por a cheirar…

Mas nada se compara ao professor de Educação Física do Secundário. 11º e 12º. Lembro-me como se fosse hoje (adoro esta expressão) do primeiro dia de aulas. Sentado no pavilhão, naqueles bancos longos de madeira desconfortáveis enquanto esperava que o novo professor entrasse. E ele, de facto, entrou. Trintão, moreno e não excessivamente musculado. Foi das primeiras vezes na vida em que suspeitei que olhava para os rapazes de forma diferente.

Nunca gostei tanto de correr durante meia hora, a ponto de ver o pulmão direito sair-me pelo nariz enquanto tossia o fígado. Ou até mesmo de jogar rugby e deslocar a omoplata sempre que um dos matulões do ano seguinte resolvia fazer uma “placagem”. Sabia que no fim ele passava a mão na minha cabeça e dizia com aquela voz sexy:

- Estiveste muito bem!

No 11º eram só as dúvidas, ainda que começasse a estranhar a atracção que sentia. No início do 12º, depois de ter a minha primeira experiência com um rapaz nesse Verão, já tinha certezas e procurava o contacto físico o mais que conseguia. Chamem-me vaca à vontade, com 17 anos as hormonas não estão aos saltos: vivem numa rave constante. E o contacto ia acontecendo, ainda que quase sempre exagerado na minha cabeça. Servia para recordar em momentos em que sozinho percorria o corpo, imaginando que aquelas mãos o tocavam – terminando o acto nas célebres punhetas da adolescência (ainda que, já com esta idade, as coisas não tenham mudado assim muito).

Tinha o mesmo nome que o único rapaz que amei na vida, a sina já estava traçada desde cedo. No outro dia vi-o, com mulher e filha num dos hipermercados cá da terra, e lembrei-me desta fase quando ele me perguntou:


- Então, ainda te lembras de mim?

O que mais me passou pela cabeça foi mesmo “não, TU ainda te lembras de mim? E reconheces-me?”. Mas não foi isso que lhe disse.

- Claro que sim, foi dos meus professores preferidos.

Tive a lata de lhe piscar o olho depois do aperto de mão, acto correspondido e aliado ao “gostei de te ver”. Deve andar já perto dos 40, mas ainda assim levava uma afiambradela descomunal. O homem foi a primeira prova de que me sinto atraído por pessoas mais maduras, de preferência trintões com “aquele ar”. Ainda que seja mais platónico e enquanto flirt esporádico do que um acto praticado…

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