terça-feira, 20 de maio de 2008

depois da keka mágica, a keka realmente chata


O meu colega de blog já tinha relatado a minha experiência na semana passada, num texto adequadamente chamado “enterra-ma”. Pois bem, não era suposto ser esta a minha estreia neste blog, mas por contingências da vida eu não escolhi o tema – o tema escolheu-me a mim.


Como se ainda não tivesse suficientemente arrependido do que (não) se passou, na noite passada tive sérios problemas em dormir. Consciência pesada?, perguntam vocês. Não, de todo. Comichão, muita, muita comichão. Mesmo. Contudo, não somei 2+2 e tentei aproveitar o pouco que consegui dormir. De manhã, durante o banho, reparei numa criatura estranha que me habitava o Benelux (os países baixos, entenda-se). Rapidamente, comecei a pensar “não, isto não pode ser aquilo q tu achas que é!”. Fui à gaveta e saquei da pinça e resolvi arrancar o pelo onde firmemente a coisinha branca estava agarrada e aproximei-o dos olhos.

- Será que esta merda é um chato?!

Nunca tinha visto nenhum na vida e achava que era daquelas coisas que nunca me iriam acontecer. Rapidamente, tratei de analisar as vizinhanças e reparei que os meus tomates pareciam dálmatas: tinham pintas em todo o lado, neste caso vermelhas. Cocei a cabeça, não por comichão mas para tentar perceber como raio tinha isto acontecido. E o “enterra-ma” chegou num ápice às ideias, só podia ter sido isso. Num exame mais demorado, percebi que o problema era mais grave do que parecia. Descobri intrusos desde a zona do umbigo até um pouco abaixo dos joelhos… Criaturas brancas, com patas praticamente transparentes e aquilo que penso serem dois olhos, pretos. Se a natureza fosse um pouco mais sensata, tê-los-ia feito em tamanho familiar. Mas não. É preciso uma lupa para os ver… O nojo começou a ganhar terreno à curiosidade e, não fosse estar atrasado para uma reunião, tinha ido de pila na mão à farmácia mais próxima. Assim, resolvi vestir-me, rezar dois pai-nosso, três avé-maria e esperar que as criaturas não tomassem conta de todo o meu corpo até à hora de almoço.

Acabada a reunião, reparei que tinha saído sem dinheiro e queria resolver o problema o mais rapidamente possível – a comichão chegava a ser mais dor do que outra coisa - e não é bonito andar a coçar violentamente os tomates em público! Calculei os riscos e resolvi que era o passo que tinha de dar. Olhei para o telemóvel de lado e enchi o peito de ar.

- Estou, mãe? Olha, preciso que me passes na farmácia com alguma urgência. Acho que tenho chatos…

Um longo silêncio deixou-me gelado, sabia que o primeiro pensamento que a minha mãe iria ter era algo muito próximo de “o meu filho foi às putas”. Com uma voz a soar a castigo e desconfiança, prometeu que tratava disso. E lá fui eu para casa, rumo a um almoço constrangedor. O meu pai abriu uma única vez a boca:

- Como é que apanhaste isso?
- Oh, não faço ideia…

Não consegui dizer muito mais, ainda que soubesse perfeitamente a origem do problema. Quanto à solução, apareceu na forma líquida, com o nome “Stop Piolhos” (com um cheiro agradável, como a embalagem prometia). 30 minutos bem coberto com aquilo, depois passar um pente (de aço ou lá o que era aquilo) por todo o pelo do meu corpo, de forma a eliminar todas as coisas que ainda ficaram por lá (e tentem imaginar o que é passar um pente de aço pela zona púbica, que não prima pelo carácter liso…). Acho que descobri a forma de tortura mais engraçada para aplicar aos inimigos. Vá lá que o matagal anda sempre aparadinho, se desse para fazer tranças já teria ido à lua.

Depois de ganir quanto baste, e ainda na banheira, resolvi ligar a água à máxima temperatura que aguentei – já pondo como hipótese livrar-me de todos os pelos do corpo. Até ver, parece que as criaturas foram embora de vez.


Moral da história:
Meus meninos, tenham a decência de ter os mínimos cuidados essenciais. Isto é uma chatice do caraças. Passe-se a redundância. E já agora, um pouco de cultura: o nome técnico é pediculose pubiana. Seja, o que conta reter é: tenham cuidado!!

Quanto a ti, se te apanho na rua enterro-ta mesmo. Uma chapada nessa cara!

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